A
Cidade e a Neblina (Guilherme
Arantes) Na neblina a cidade amanheceu sonolenta como os últimos boêmios e os primeiros trabalhadores matinais com seus gorros, capotões e cachecóis A neblina dá uma certa imprecisão a paisagem fica sem definição as capelas e os velhos casarões na neblina ficam sobrenaturais Qual, qual de vocês não acha belo quando ela desce quando ela deixa tudo translúcido? Na neblina os rochedos pelo mar são terríveis para quem fôr navegar o aeroporto, então, acende os faróis e não descem, e não sobem aviões. Qual, qual de vocês não acha belo quando ela desce, quando ela deixa tudo translúcido? |
Águas
Passadas (Guilherme Arantes) O céu está tão nublado há tempos que não fica assim só me recordo de águas passadas, montes de gente, e nada de mim eu só quero um motivo decente, você não entende - se eu gritar ah!! ninguém ouve, não. O céu está tão nublado há tempos que não fica assim você reclama da falta de sorte, "A velha alegria ainda há de vir" mas eu tenho certeza que essa saudade não leva a nenhum lugar ah!! ninguém ouve não ah!! ninguém ouve não |
Lamento
lhe Encontrar Triste (Guilherme Arantes) Que pena você dar murros em ponta de faca que pena você não ter o meu ponto de vista lamento lhe encontrar triste lamento lhe rever assim... Eu tenho motivos de estar alegre, e não nego. Embora prá ser feliz não precise motivo Lamento lhe encontrar triste lamento lhe rever assim... Que pena você não dar crédito às coisas que faço que pena você, tão jovem, ter tanto cansaço Lamento lhe encontrar triste lamento lhe rever assim... |
Descer
a Serra (Guilherme Arantes) Tirei um dia de Sorocabana bebi cada quilometro medicinal ali, na beira matagal da linha eu sempre iria embora Peguei o meu amor e fui descer a serra de convescote, de beija-flor, de roupa velha , vento e vapor. |
Meu
Mundo e Nada Mais (Guilherme Arantes) Tema da novela "Anjo Mau" - TV Globo. Quando eu fui ferido, ví tudo mudar das verdades que eu sabia só sobraram restos, e eu não esqueci toda aquela paz que eu tinha Eu que tinha tudo, hoje estou mudo estou mudado À meia-noite, à meia-luz pensando Daria tudo por um modo de esquecer Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto, à meia-noite, à meia-luz sonhando, Daria tudo por meu mundo e nada mais. Não estou bem certo se ainda vou sorrir sem um travo de amargura Como ser mais livre, como ser capaz de enxergar um novo dia. |
Nave
Errante (Guilherme Arantes) Minha casa é uma nave e eu trafego só sem contato com viv'alma, no silêncio frio das trevas Na jornada, uma pane e eu não volto mais Vou através da galáxia senão entrar nalguma órbita Oh! Terra, oh! Terra, onde é que estou? me sinto sempre mais distante Oh! Terra, oh! Terra, onde é que estou? fechado nesta nave errante, errante Oh! Terra, oh! Terra São cruéis os milenares astros com sêres mortais Eles não se importam muito comigo porque são velhos demais. |
Cuide-se
Bem (Guilherme Arantes) Tema da novela "Duas Vidas" - TV Globo. Cuide-se bem, perigos há por toda a parte, e é bem delicado viver, de uma forma ou de outra, é uma arte, como tudo. Cuide-se bem, tem mil surpresas à espreita em cada esquina mal-iluminada, em cada rua estreita, em cada rua estreita do mundo. Pra nunca perder esse riso largo, e essa simpatia estampada no rosto. Cuide-se bem, eu quero te ver com saúde, e sempre de bom humor e de boa vontade, e de boa vontade com tudo. |
Pégaso
Azul (Guilherme Arantes) Nesses 20 anos Eu costumava abrir os olhos por todos lados ví que o povo era um povo de estranhos. Nesses 20 anos ví minha mãe e meu pai mais velhos, trazendo, como a gente, todo o ocidente no peito Mas tinha, onde fôsse, minha voz a sussurrar Oh! Pégaso! Oh! Voa! Oh! Voa, que há pedaços da vida e gotas de música no ar Oh! voa, no silêncio das horas vive o prazer das coisas que voam e coisas que voam gritam "Pégaso!" "Pégaso!" "Pégaso!", me gritam "Pégaso!, Pégaso!, Pégaso!" Nesses 20 anos, não tive paz nenhum momento mas é que são assim os que se criam nêste cimento Nesses 20 anos, das partes cruas e amargas, restam sinais de estar mais perto dia após dia. Mas tinha onde fosse...(repete) |
Antes
da Chuva Chegar (Guilherme Arantes) Sinto agora que o vento traz coisas de longe de casa libertando a voz são lugares perdidos, imagens confusas de tempos que não voltam mais e pessoas com quem convivi, suas palavras, seus sonhos, seus atos, seus modos de ver a vida olhe o que o vento traz, antes da chuva chegar Pela rua deserta e forrada de folhas caídas que voam ao léu corre o meu pensamento no rastro das nuvens pesadas que habitam o céu Vejo a casa na qual me criei, vejo a escola, o jardim, vejo a cara de cada um dos meus companheiros. olhe o que o vento traz, antes da chuva chegar olhe o que o vento traz, antes da chuva chegar |
Não
Fique Estática (Guilherme Arantes) Vou lhe fazer um convite tão sincero que é quase infantil Venha correr aqui fora nos gramados banhados de sol Não fique estática, tudo é tão novo, é tão vivo Não fique estática quando eu disser que eu quero estar sempre só contigo Tente um momento de trégua sem a preocupação usual Venha correr aqui fora, nos gramados banhados de sol Não fique estática, tudo é tão novo, é tão vivo Não fique estática quando eu disser que eu quero estar sempre só contigo Pegue algum sonho improvável lute por vê-lo renascer tenha certeza nas manhãs que são úmidas fontes de vida Siga uma trilha constante acreditando em sua luz não deixe o passado lhe enrolar que êle tem garras sutís, tão sutís!! Logicamente o caminho não é só alegria e só prazer é raro encontrar um amigo que partilhe das mesmas idéias Quanto às palavras alheias ouça somente o essencial tão importante quanto você ter um ideal é se tornar cada vez mais fiel, mais fiel! Não fique estática, tudo é tão nôvo, é tão vivo Não fique estática quando eu disser que eu quero estar sempre só contigo |